Escola de Macieira

Devido à desertificação das áreas rurais, migrações e baixa taxa de natalidade, entre outros fatores, muitas escolas primárias foram sendo abandonadas pelo país fora, levando algumas Câmaras Municipais a vendê-las em leilões públicos. Foi assim que a escola se tornou numa casa.

Projecto de arquitectura de recuperação da Escola de Macieira 2019/2020
(Planta, alçados e cortes)

Pertencente ao chamado Plano dos Centenários, lançado por Salazar em 1940, acreditamos que esta escola corresponde ao modelo desenhado por Joaquim Areal, estando culturalmente associada à educação rude e violenta do tempo da ditadura portuguesa.

TESIS DOCTORAL: OBRA PÚBLICA DE ROGÉRIO DE AZEVEDO OS ANOS DO SPN/SNI E DA DGEMN, presentada por Jorge Miguel de Faria da Cunha Pimentel para optar al grado de doctor por la Universidad de Valladolid.

As escolas primárias dessa época são exemplo do apaziguador estilo arquitectónico Português Suave, sublinhando uma ideia homogeneizante de Portugal baseada no enaltecer de uma arquitectura tradicional nacional que incluindo pequenas variações-tipo regionais, desta forma incorporavam no todo – e de forma controlada, a aceitação de alguma diversidade geo-climática, de desenho e materiais. Sublinha-se dessa maneira a visão nacional que passa a pontuar a paisagem portuguesa pela construção erguida ao serviço do Estado Novo. O Plano dos Centenários, que se baseava nos anteriores modelos arquitectónicos oficiais de 1935, dos arquitectos Rogério de Azevedo (para o Norte de Portugal) e Raul Lino (para o Sul), incluem revisões dos modelos-tipo pelos arquitetos Manuel Fernandes de Sá, Joaquim Areal, Eduardo Moreira dos Santos e Alberto Braga de Sousa.  

A recuperação do existente teve em conta a história, fazendo-se uma intervenção que introduziu o conforto contemporâneo, sem desvirtuar a traça do edifício, os materiais utilizados, e uma certa ideia de memória institucional. Mantêm-se as áreas originais, com a introdução de uma casa de banho que sendo um módulo em madeira no hall de entrada, separa a entrada de um lado e a área da cozinha do outro. No exterior um pequeno atelier faz-se de um contentor marítimo que se enterrou na escarpa, aquando dos necessários trabalhos de contenção das terras. A reabilitação da envolvente teve o apoio precioso da arquitecta paisagista Maria Lopes. A vista abre-se sobre um vale onde se apercebem pequenas aldeias e, ao fundo, a Serra da Estrela.

Due to the desertification of rural areas, migrations, and low birth rate, amongst other factors, many primary schools have been abandoned across the country, leading some city councils to sell them in public auctions. This was how the school became a home.

Belonging to the so-called Plano dos Centenários launched in 1940 by the dictator Oliveira Salazar, we believe that this school corresponds to the model designed by Joaquim Areal, being culturally associated with the rude and violent education of the time of the Portuguese dictatorship.

The primary schools of Salazar’s time are a good example of the soothing Portuguese Suave architectural style, underlining a homogenizing idea of ​​Portugal based on extolling a traditional national architecture that including small regional variations, thus incorporating in the whole – and in a controlled way, the acceptance of some geo-climatic diversity, design and materials. Thus emphasizing the national vision that starts to punctuate the Portuguese landscape due to its immediately identifiable construction.

The Plano dos Centenários based on the previous 1935 school models of the official architecture models by the Architects Rogério de Azevedo (for the North of Portugal) and Raul Lino (for the South), includes revisions by the architects Manuel Fernandes de Sá, Joaquim Areal, Eduardo Moreira dos Santos and Alberto Braga de Sousa.

The rehabilitation of the existing ruin took into account this history, making an intervention that introduced contemporary comfort, without distorting the building’s design, the materials used (granite stone, pine wood..), and a certain idea of ​​institutional memory. The original areas are maintained, with the introduction of a bathroom which, being a wooden module in the entrance hall, separates the entrance on one side and the kitchen area on the other. Outside, a small studio is made of a maritime container that was buried in the escarpment, during the necessary work to contain the land. The rehabilitation of the land had the precious support of landscape architect Maria Lopes. The view opens up over a valley punctuated by small villages and, in the background, Serra da Estrela.